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Bécots !



Leia mais com Kindle + RSS + calibre


Dispositivo Kindle sendo manuseado por uma mão feminina.

Imagem: Pinterest.


O Amazon Kindle, ao lado das invenções dos últimos trinta anos, é uma estranha tecnologia. Com tela sem emissão de luz, bateria durável, um corpo leve e portátil, esse é um dos raros aparelhos modernos que são feitos para durar, e possui uma única função: a leitura. As versões mais recentes desse leitor digital dispõem de conectividade wi-fi, o que permite a compra e a recepção de livros digitais, a tornar o processo de aquisição mais conveniente e mais prático para quem tem zero traquejo com tecnologia.

Na minha experiência, isso é “conveniente” até a página três... Há um tempo eu penava com a quantidade de passos necessários para o envio de livros .epub para o meu Kindle. Era necessário antes de tudo ter internet; depois era necessário abrir o navegador; depois logar no cliente de e-mail; depois enviar os arquivos para e-mail Amazon; para só então ter a rasa esperança de todos os livros que anexei serem reconhecidos pelo dispositivo; e, enfim... ler!

Pensando em um texto do blogue do Felipe Siles ― aqui também da casa ― falando sobre seus hábitos de leitura, passei a utilizar o calibre como veículo de transmissão de livros para o leitor digital. Calibre é um programa que permite a manutenção, edição e organização de livros digitais para dispositivos que aceitem esses arquivos com muita praticidade.

O envio de livros digitais, que através do e-mail levava cinco passos para ser realizado, pelo calibre resume-se a três: espetar o Kindle no computador; clicar em “Enviar livro para dispositivo”; ler. Utilizá-lo era também uma forma de prescindir do serviço de sincronização de livros e de progresso de leitura, muito útil para quem lê por mais de um dispositivo. No meu caso, eu só lia pelo Kindle.

E eis que fuçando o programa acabo por descobrir um recurso muito útil: o de importar e carregar feeds RSS. Eventualmente descobri também que é possível, ainda através do calibre, converter páginas web em arquivos .epub.

Tudo isso fez com que eu acabasse usando menos telas LCD para leitura, tendo, pois, mais conforto visual, e também matando mais rápido minha lista de leituras pendentes de artigos em páginas web que eu salvara. Neste texto mostrarei como é possível ler mais pelo Kindle, seja linques soltos da internet, seja artigos organizados em feed RSS, ou seja ainda através do download de livros.

Importando feed RSS


Após ler um artigo publicado no Manual do Usuário sobre um desenvolvedor que produziu um programa que “imprimisse” um “jornal” a partir de linques de sítios curados, fiquei pensando: e se fosse possível fazer o mesmo, só que em uma tecnologia de tela e-ink ― como o Kindle?

E, juntando os pontinhos, vi que há uma forma de fazê-lo: importando feeds RSS através do programa calibre! Caso não saiba o que é um feed RSS, sugiro a leitura deste artigo também do Manual do Usuário: “Esta tecnologia permite acompanhar seus sites e blogs favoritos de graça e sem filtragem de posts”. Posso ir já adiantando que, em linhas gerais, o RSS é um protocolo que permite agregar atualizações de vários sítios e blogues em um leitor, onde é possível a leitura offline dos textos, como ocorre com os podcasts ― que também utilizam o protocolo RSS.

Este é o método mais difícil de ler mais através de um leitor digital. Entretanto garanto que é o que mais ocupará o dispositivo. De qualquer modo, seu processo não é nada cronófago, pois o calibre é um programa extremamente intuitivo, desenhado com atenção especial para o Kindle.

O arquivo importado do feed RSS a partir do calibre vem com um leiaute dedicado para esse dispositivo e sua diagramação não deixa a desejar. Nele vemos os domínios organizados em listas de um lado, e em outra os textos publicados pelos mesmos domínios a partir da configuração que deixamos no calibre. Durante a leitura dos artigos, temos uma barra informando o progresso do texto no lado inferior, abaixo disso, o título do próximo artigo, e no lado superior o nome do artigo que está sendo lido.

Pelo programa podemos selecionar a quantidade de notícias dos sítios do feed, e qual será a publicação mais antiga da importação. Infelizmente, alguns artigos vêm sem a data de publicação, o que pode tornar a leitura confusa, já que os textos mais recentes são mostrados primeiro, e não há maneira de organizar uma sequência personalizada de leitura sem ter de retornar ao índice.

Para essa importação, basta você seguir as seguintes etapas:

  1. abra o calibre;
  2. clique na seta lateral à “Obter notícias”;
  3. clique em “Adicionar ou editar uma fonte de notícias personalizada”;
  4. clique em “Importar OPML”, que é o formato de arquivo exportado a partir de um leitor de feed RSS;
  5. escolha o arquivo emitido a partir do seu leitor;
  6. então o programa vai baixar todos os artigos dos links que estão no arquivo;
  7. alguns podem não ser reconhecidos ou podem estar com servidores offline, então vale a conferida antes de passar o arquivo .epub para o Kindle via cabo USB ou e-mail.

Este último método seria o menos cômodo e que se aproximaria mais à experiência de receber uma “revista eletrônica”. No meu caso, porém, como para isso é necessário ter o e-mail Amazon ativo, abortei essa opção. Mas fica a indicação.

Transformando sítios web em arquivo .epub


A segunda forma neste texto de ler mais através do Kindle é mais fácil do que a anterior. Sabe quando você está numa página e instintivamente aperta Ctrl mais “S”, para salvá-la, pensando estar editando um texto? Em lugar de apertar “Esc”, aperte “Enter”. Isso gerará um arquivo .html. Para um melhor resultado, sugiro desabilitar o Javascript. Com o arquivo .html na pasta de “downloads”, agora abra o nosso glorioso calibre e siga os seguintes passos:

  1. clique em “Adicionar livros”;
  2. selecione o arquivo .html gerado a partir da página web desejada;
  3. clique em “Converter livros”;
  4. mantenha o formato “.zip” na parte de “Formato de entrada” e “.epub” em “Formato de saída”;
  5. clique em “OK”;
  6. agora espete o seu dispositivo Kindle no computador;
  7. selecione o arquivo convertido;
  8. dentre as opções que abrirem, escolha “Enviar arquivo para Kindle”.


Baixando livros em .epub


A terceira forma de ler mais pelo Kindle é a mais fácil de todas e só depende de alguns linques. Caso você não saiba, há sítios que disponibilizam livros digitais gratuitamente! Uau! Quem diria que uma coisa assim poderia ser encontrada na atual internet tomada de bostificação e streaminguização, hein?

Dentre os sítios web que conheço e que disponibilizam um material assim, estão: 1. Library Genesis ― espelho um e espelho dois ―; 2. Trantor; e 3. Internet Archive; e 4. Anna's Archive. Caso alguns desses espelhos estejam fora do ar, instale o navegador Tor Browser e experimente as versões “cebolas”, ou “dark web”, desses domínios.

A partir dessas dicas, posso apostar que você estará mais ocupado com o seu Kindle do que com o seu telefone celular cheio de notificações, informações sem curadoria e distrações!

Esta publicação foi mencionada no texto “Como tornar a tecnologia divertida de novo” destas Ideias de Chirico.


#tecnologia


CC BY-NC 4.0Ideias de ChiricoComente isto via e-mailInscreva-se na newsletter


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Como tornar a tecnologia divertida de novo?


Como tornar a tecnologia divertida de novo?



Cartum de Hartley Lin na New York Times. Tradução livre: “Oh, cara, eu adorava brincar com essas coisas antes de elas se conectarem a outras pessoas”.


Sonhamos por anos em ter algum instrumento dopaminérgico prático e que coubesse no bolso, para nos livrar do tédio das horas vagas do trabalho, das viagens intermináveis, das conversas desinteressantes, de horazzz zzzentadozzz na zzzala de ezzzpera. Mas agora, agora já o temos! Viva! Tédio nunca mais!

(Agora temos ansiedade coletiva).

Vez ou outra costumo ver propagandas de computadores dos anos 90, 2000 e 2010. Assistir a propagandas nos ajuda a entender o imaginário dos objetos de consumo. Não me recordo de como era a usabilidade (provavelmente horrível!), mas lembro como cada minuto em frente ao computador era precioso e deveria ser apreciado ao máximo.

A qualquer momento algum parente poderia nos tirar dali para abrir alguma sala de bate-papo ou fazer a mais pixelada vídeo-chamada possível. Estaríamos com nossos computadores pela manhã, e talvez não a veríamos mais pela noite.

A tecnologia eletrônica era divertida. Não era a protagonista de nossos dias, como hoje; era um convidado, aquele tio esquisito que vem de longe contar causos e fazer coisas extraordinárias. Com ele, aprenderíamos algo de novo.

Hoje a tecnologia está estampada em todos os lugares. É o polemista que define o debate público, e é sobre quem mais se fala. Antes, se a tecnologia era uma extensão de nossos olhos, agora é a extensão de nossas bocas ― cada vez mais rançosa e verbal. Se antes, com as redes sociais víamos nossos amigos, agora nela vemos nossos piores inimigos. Parafraseando para este contexto uma fala de Jérémie Zimmermann:

Em quinze anos passamos da era da informática “amiga” para a informática “inimiga”.


A minha relação com a tecnologia mudou de vez por volta de 2014, quando recebi o meu primeiro smartphone, um pequeno Samsung com suas cinco polegadas. A partir do momento que eu pude acessar informações pelo smartphone antes só obtidas pelo computador, notei alguns efeitos nocivos.

Em contraste com o computador, que necessita de um espaço estável e de cabos para estar conectado, os telefones inteligentes trouxeram a portabilidade unida à conectividade sem fio. Isso tirou ritual de “penetrar no mundo virtual” ― sentar-se, ligar o computador, esperar pelo seu longo processo de boot e concentrar-se na navegação de bate-papos e discussões em fóruns.

O telefone, por outro lado, está a todo momento ligado, e pode estar em qualquer lugar, conectado de vários modos. Com o telefone, não há ritual, o ritual está em sair dele, pois a maior parte das atividades cotidianas lhe são atravessadas.

Lembro de quando instalei o Twitter no meu telefone, a rede social que eu mais amava até então. Apesar dessa rede social ter sido desenhada para ser leve e móvel, até 2013 o Twitter era um veículo ao qual eu tinha acesso somente pelo computador. “Tuitar” era um ato imóvel, realizado pelo computador. Quando eu pude então passar a publicar de qualquer lugar onde estivesse, passei a me tornar uma pessoa impulsiva e neurótica.

Impulsiva, porque passei a querer publicar tudo o que viesse à mente, assim, de cara, sem filtro ― um mal do tuiteiro até hoje, inclusive ―: e neurótica, porque passei a redigir mentalmente tuítes viralizáveis ou respostas perfeitas para discussões que eu tinha.

De 2023 para cá, depois de muita experimentação, minha relação com a tecnologia melhorou. Foi quando, pelo Manual do Usuário, conheci a slow web. A slow web é menos um movimento do que um modus operandi perante a internet: a partir dele, freia-se a velocidade da navegação para pô-la em ocasiões pontuais do dia a dia. Navegar passou a não ser um ato ininterrupto, mas sim um evento mais ou menos agendado.

A tecnologia voltou a ser uma visita. Parte até dos meus hábitos que envolvem tecnologias não conectadas são impactados pelo raciocínio slow web, como por exemplo a leitura do meu feed RSS, que faço através do meu Kindle. Em vez de atualizar meu feed diariamente, espero até a próxima sexta-feira para receber as próximas atualizações.

Encontro também mais alegria com um computador pessoal. É nele que penso quando se fala de uma relação saudável com tecnologia. Até hoje tenho um prazer genuíno ao estar com meu laptop Positivo que ganhei quando ainda era adolescente, que, apesar de bem velho, é conservado e ainda resolve todos os meus problemas.

Gosto de como em um computador pode desembuchar com mais agilidade a maior parte de meus problemas, inclusive problemas de comunicação; de como ele pode ser expandido com os mais diversos periféricos; de como pode ser configurado ao meu bel-prazer; de como pode ser consertado em praticamente todos os lugares. Penso até mesmo que a experiência com as redes sociais são bem melhores por um computador!

Parte do prazer com a tecnologia também está em tê-la como um objeto a ser manuseado e configurado; está em tirar a tampa de sua “caixa-preta” e torná-la um instrumento que o usuário domina por completo. E isso, claro, é perpassado por software livre e de código aberto. No blogue da Ava, há um bom argumento para termos controle sobre nossos dispositivos e evitarmos a sua conveniência compulsória.

Sei: não é mais possível recuperar aquela alegria dos primeiros anos da informática. O que relato aqui é o que se ajustou ao meu ritmo e aos meus recursos. Há por exemplo quem tenha conseguido recuperar a alegria pela tecnologia investindo em equipamentos dedicados, como câmeras digitais, tocadores de .mp3, vitrolas, e até máquinas de escrever; há quem conseguiu fugir do vício em telas investindo em um “telefone burro”, dedicado a fazer ligações, ou em um telefone somente para as redes sociais e aplicativos financeiros. Cada um deve fazer o seu estudo de caso e adotar hábitos que lhe caibam.

É necessário dizer também que o discurso que prega a redução do tempo de tela está impregnado pelo discurso da sociedade do desempenho (em termos de Byung-Chul Han), no qual devemos ser chefe e empregado ao mesmo tempo, e nos forçamos a produzir sem parar. Logo, ao tempo que devemos evitar os danos causados pelas tecnologias dopaminérgicas, também devemos evitar o cultivo renitente da culpa pelo descanso, seja ele com um telefone, seja com um livro em mãos.

Sei também que para muitas pessoas o telefone celular é a única fonte de lazer; isso, porém, denuncia mais uma situação de desigualdade do que o estado de arte da informática. No entanto, em uma postura cyberpunk, precisamos compreender os efeitos da tecnologia, apropriar-se deles e neutralizar aquilo que não é conveniente.

Disclaimer: Nenhum texto é uma ilha. Tenho de creditar esta publicação a um tópico de discussão que abri no Lemmy, o fórum fediversal, e que recebeu muitas boas respostas que me fizeram refletir bastante sobre o assunto e desenvolver alguns argumentos desta Ideia de Chirico.

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